Qual é a definição de escopo?

A pergunta é clara, a resposta é simples e a realidade é mais complexa do que parece. Para tentar compreender verdadeiramente, vamos imaginar um acordo simples entre um pai e seu filho e tentar aprender sobre a complexidade deste tema por exemplo e analogia.

A conversa:

Pai, se eu tirar DEZ, você me dá um carrinho de controle remoto?

Dou.

Que carrinho pai?

Você gosta daquele que eu tenho de quando eu era criança?

NOSSA!!! LEGAL!!!!! VAI SER ÓTIMO!

Percebam na conversa acima que temos um escopo aparentemente bem definido. Temos clareza do que o garoto precisa fazer (o preço) e também temos uma definição e um modelo do carrinho que o pai precisará dar (a entrega). Pensem em um DEZ suado…

PAI!!! TIREI DEZ!!!!!

Legal filho… Toma aqui. Agora, esse carrinho é seu.

Quem acha que deu errado?

Nem a pau! Eu quero um novo!

Mas nem existe mais desse carrinho! Pega o meu!

Não!

Até aqui, parece um garoto mimado. Quando um cliente faz uma exigência que surpreende a consultoria.

Tudo bem. Mas vamos ter que escolher outro modelo porque este não existe mais.

Fica claro que o pai mima o garoto. É quando a consultoria oferece uma alternativa com o objetivo de alcançar a satisfação do cliente.

Mas eu queria um igual para poder brincar de corrida com você. Se mudar o modelo, não dá.

Surge uma funcionalidade oculta. Ninguém nunca ouviu falar dela.

Mas eu perguntei se você gostava desse!!!! Porque não disse que não poderia ser esse?

Porque você não disse que seria esse?

UAU! Os dois parecem estar certos em seus questionamentos!!!!

Mas eu disse!

Não. Não disse. Você disse que seria igual.

Estão os dois errados! Como é possível!?

Mas não existe igual!

FATO.

Então, você me enganou?

Possibilidade.

Não. Eu pensei que você soubesse que não existia mais desse modelo pra vender! É óbvio!

Tudo que é óbvio é uma “coisa perigosa”. Muitos projetos não especificam traje, mas nenhum aceita pessoas “com nenhum traje” porque é óbvio! Até que ponto o óbvio é óbvio para todas as partes?

Mas se você me desse o seu, como você pensava brincar de corrida comigo?

Mas eu não disse que iria!

OK! Enfim, chegamos na conclusão que ninguém disse NADA!

Como assim! Eu e você teríamos dois carrinhos iguais e você não pretendia brincar de corrida comigo!!??? Nossa! Você realmente não gosta de brincar comigo.

No fim, sempre tem alguém apelando ao lado emocional. Este é aquele momento que o projeto ficaria parado e as partes ressentidas entre si.

Numa análise fria, vamos rever o que aconteceu na definição deste escopo:

Pai, se eu tirar DEZ, você me dá um carrinho de controle remoto? (o garoto mandou a solicitação)

Dou. (o pai aceitou atender)

Que carrinho pai? (o garoto pediu o detalhamento)

Você gosta daquele que eu tenho de quando eu era criança? (o pai pensou em não ter custo e ainda deixar de ter aquelas negociações pesadas de quando o garoto podia ou não brincar com este carrinho)

NOSSA!!! LEGAL!!!!! VAI SER ÓTIMO! (o filho já se imaginou com o pai brincando por horas de corrida com carrinhos exatamente iguais – percebam que o maior de todos os presentes é a brincadeira, ou seja, a função e não a funcionalidade)

Resultado: o pai comprou 2 carrinhos novos de controle remoto IGUAIS e ainda vai precisar apostar corrida com o filho diversas vezes por um longo período porque o filho tirou uma nota DEZ. Trata-se de um resultado muito diferente E PIOR que a paz e a economia que o pai pretendia. E nenhuma
das partes agiu de má fé.

Entendeu o que é escopo?
É um “alienígena insaciável” que sempre cresce em contato com o usuário. (igual gremlin e água)

Um detalhe importante é que estamos sempre concentrados na funcionalidade. Estamos errados. A função, o objetivo, é o que importa.